amor de cão
Ela pode até pedir desculpas. Pode me trazer um copo de água e um casaco, já que estou tremendo. Mas a água pura no copo não repõe a salgada que me escorre dos olhos. E se ela perguntasse: Você está chorando? eu responderia: Se me empurrasse eu não cairia?
“If you prick us, do we not bleed? if you tickle us, do we not laugh? if you poison us, do we not die? and if you wrong us, shall we not revenge?
Exceto que eu não me vingo.
Porque eu amo como a porra de um cachorro. Abandonado numa casa também abandonada. Eu me sento na soleira da porta e espero abanando o rabo meus donos voltaram. Eu espero por ela, esperei por ele, esperei pra que a ficha caísse, pra que me valorizassem, para que algum dia me amassem do jeito certo. Sempre que falhava, quando o dono não chegava, eu dormia com otimismo de "quem sabe amanhã", voltava pro mesmo posto, esperava da mesma forma no dia seguinte.
E a única coisa que ganhei com toda espera foi a experiência de ouvir da minha própria boca:
"Será que algum dia você me amou de verdade? Enquanto eu falava sobre algo que eu gosto ou quando o sol iluminava meu rosto pela manhã. Alguma vez, enquanto eu sorria, você desprendeu-se desse plano e perdeu-se em seus própios pensamentos? e se sim, algum deles alguma vez chegou a ser 'cara, eu amo essa garota de verdade?' Se você algum dia já me amou me diz, por favor, que eu me curo, mas eu preciso que você me diga que todo o tempo que investi em você serviu de algo, algum retorno, mesmo que injusto, mesmo que mínimo. Algum dia você me amou?"
E minto quando digo que essa foi a unica coisa que ganhei, pois tambem ganhei a resposta que se seguiu
-"Não sei, Amanda, não sei mesmo. Acho que sim."
Ela que me ensinou que as vezes se machucar por quem você ama é prova de amor, mas foi ele quem me fez testar isso pela primeira vez
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