vida
Conheci a vida num baile de máscaras.
Não sei que máscara uso toda vez que saio de casa. Acho que não sei quem sou. Melhor, acho que tenho medo de quem eu sou, por isso passo os dias enfeitando minha fantasia com pinturas e fitinhas. Não sou poeta nem artista, sou só uma mulher. Tento escrever o meu caminho para fugir de mim, piso nas vírgulas como quem molha os pés. Aqueles que escrevem sabem que escrever raramente tem um fim, é seguir um caminho de migalhas de pão sem saber onde da.
Falo muito sobre a vida como quem se apaixona, mas hoje decidi falar de menos. Se me esforço bem, qualquer coisa é uma metáfora. Como se para descobrir a tal verdade fosse preciso equilibrar uma balança, mas nunca se sabe em qual lado algo falta. Não sei se penso demais ou de menos. E se penso sobre o menos, me lembro do mais. Me faço de difícil porque sou. Pretencioso de mim pensar sobre a vida, como se ela algum dia pensasse em mim de volta. Tento olhar a vida nos olhos, desbravar a selva de seus cílios como se não soubesse que o olhar só é romântico pois representa o recíproco.
Vi sua pele de neurônios espelho
e esperei que me ensinasse coisas sobre mim
Aprendi que gosto da espera. Aprendi que embora odiando, sei mentir, como quem aperta um gatilho
Sempre odeio meus textos assim que acordo
Sempre encontro defeitos nas coisas no momento em que não posso mais mudá-las.
Mas no fundo danço com a vida com as mãos em suas ancas de mulher
Usa salto alto e pisa no meu pé
Não sei se ela me beija ou se me morde
Mas pelo menos sua boca está na minha.
E eu, como boa menina, continuo dançando com a vida. As vezes ela me passa a perna e eu caio no chão, mas como um passo de dança, me pega pelo antebraço e beija minha testa
Eu continuo dançando com a vida.
Porque me recuso a ir embora da festa
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